Tenho observado que ainda hoje há muito pré-conceito em torno do processo terapêutico. Escuto muito: “não quero mexer em coisas que estão há muito guardadinhas, escondidinhas”; “tenho medo de ficar dependente do terapeuta”; “quero mudar mas não estou disposta a fazer na prática as mudanças”; “se eu mudar perco meus amigos e familiares”; “não sou louco; não preciso de terapia porque não tenho problemas”; “não preciso de terapia porque sei lidar bem com meus sentimentos ( mas não fala com o pai ou com a mãe ou com o irmão ou com um parente ou amigo há anos)”...
Então vamos quebrar um pouquinho alguns tabus sobre terapia.
Realmente a psicoterapia começou com pessoas que apresentavam algum distúrbio psiquiátrico. Mas nas últimas décadas muita coisa mudou e hoje a psicoterapia está mais para um processo de autoconhecimento do que para “louquinhos”. Quem não sente raiva, mágoa, angustia, ansiedade, medo, tristeza, culpa, depressão, insegurança, baixa-autoestima? Então não me diga que não precisa de terapia, de autoconhecimento.
Quando alguém diz que não tem raiva de uma pessoa mas não quer vê-la ou falar com ela ou estar no mesmo lugar que ela, não me diga que não precisa de terapia.
Quando alguém diz que não tem problemas, por favor. Afinal a única finalidade desta vida é exatamente o autoconhecimento, “amar o próximo como a si mesmo”. Porque amar ao próximo implica em permitir que ele seja livre para seguir seu próprio caminho com nossa benção. Será que tem mesmo alguém do nosso dia a dia que permite que o outro seja exatamente como ele deseja ser? Você conhece alguém do seu meio que realmente ame incondicionalmente? Mais uma vez, por favor essa pessoa na verdade é quem mais precisa de terapia. A negação é uma das maiores evidencia de que precisa entrar em um processo terapêutico.
Quem tem medo de ficar dependente do terapeuta é porque já tem algum tipo de dependência, então qual o problema de ficar por algum tempo “dependente” do processo terapêutico para poder finalmente se libertar da dependência e nunca mais ficar preso ao outro?
O verdadeiro processo terapêutico podemos resumir em 3 questões básicas: o que sinto, porque sinto isso, como mudar isso. Você pode dizer: ah, você esta colocando de uma maneira muito simplista. Aí eu digo: sim, pode ser que eu esteja mesmo. Mas na verdade é simplista sim. Nós é que complicamos tudo. Quer ver?
Quando alguém nos faz um elogio, como normalmente respondemos? “Ah, que nada, você está exagerando”, ou, “não, não sou nada disso”... Bolas, aceite o elogio e pronto, tem medo do que?
Outro exemplo de complicação: quando você pede um favor a alguém e ele diz não. Você já fica pensando que ele está de bronca com você, ou não gosta de você e aí você fica magoado, com raiva, de mal, quando muitas vezes a pessoa não pode mesmo fazer o que você pediu não porque não goste de você, mas por impossibilidade.
Teu chefe te propõe uma atividade que você nunca fez, normalmente dizemos que é difícil, que não vai ser possível, sem mesmo parar e analisar com calma e determinação.
E assim vamos complicando nossas vidas, perdendo oportunidades e o mais incrível, sempre colocando a responsabilidade de sua raiva, mágoa, fracasso ou outros sentimentos no outro. E quando coloco a responsabilidade do que sinto ou que me aconteceu no outro, tiro de mim a chance de achar a solução, a saída da situação ou reverter o sentimento. Afinal foi o outro, logo o outro tem que mudar e não eu.
Viu como o complicado somos nos e não o processo terapêutico?
Mas quando eu digo para mim mesma: Espera lá! Afinal quem quer parar de sentir raiva, mágoa, medo, fracasso e outros mais? Eu ou o outro? Se sou eu quem está dizendo isso e desejando desesperadamente sair do atoleiro que virou minha vida, então “sou eu” quem deve mudar.
Mudar significa: ir em busca do estado de bem estar, de ser livre para poder assumir quem você realmente é, é poder olhar para si mesma, para o outro, para vida e ver quão simples e maravilhosa você é e tudo a sua volta, é estar em um problema e ver que ele não é tão monstruoso e que tem solução sim e ver esta solução.
Não tenham medo do novo.
A palavra de ordem para todos nós é PERMISSÃO.
Então PERMITA-SE a ser feliz e AGORA.
Por um mundo melhor, COMEÇANDO POR MIM!!!
Elizabeth Giaretta Rocha - Terapeuta Ocupacional
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